Poesias IdentidadePreciso ser um outro para ser eu mesmo Sou grão de rocha Sou o vento que a desgasta Sou pólen sem inseto Sou areia sustentando o sexo das árvores Existo onde me desconheço aguardando pelo meu passado ansiando a esperança do futuro No mundo que combato morro no mundo por que luto nasço. Mia Couto, in “Raiz de Orvalho e Outros Poemas” Um homem não chora Acreditava naquela historiado homem que nunca chora.Eu julgava-me um homem.Na adolescênciameus filmes de aventuraspunham-me muito longe de ser cobardena arrogante criancice do herói de ferro.Agora tremo.E agora choro.Como um homem treme.Como chora um homem!José Craveirinha SACRÁRIOAusência do corpo.Amor absoluto.Hosanas de Sol.De chuva.De areia.E andorinhasresvalando as asasno consternado ombro cinzentode uma nuvem.E uma hérbia mantilhateu sacrário velando.Noémia de Sousa